quinta-feira, 15 de abril de 2010
Festa do Jazz no Teatro São Luiz, Lisboa
É simplesmente impossível desistir. A energia positiva que se desprende de todos e de cada um é a Festa do Jazz do São Luiz. Para chegar a esta simplicidade foi necessário talento, trabalho, paixão e uma visão. Foi necessário criar comunidade e confiança, focagem e abertura. Algo difícil entre nós, portugueses. Mas que os músicos de jazz e a organização da Festa conseguiram fazer em conjunto. É bom reter esta memória do trabalho colectivo. É impressionante como nos podemos surpreender após oito anos.
Gostaria de realçar três pontos nesta oitava edição:
Decidimos dedicar um dia, o primeiro, ao Hot Club de Portugal. Depois da catástrofe que foi o encerramento da histórica cave que deixou muitos músicos de jazz sem a sua ‘casa’, sentimos que a partilha da perda entre músicos, artistas, redes sociais, imprensa, etc., revelou, nesta irónica mutilação, o reconhecimento da sua sublime importância. O que durante mais de 60 anos se passou, nas linhas e entrelinhas das variadas vivências daquele espaço, a influência que teve na vida artística e cultural de Lisboa e do país e a generosidade e altruísmo que emanaram do fundador, Luiz Villas-Boas, são razões mais do que suficientes para esta homenagem a O Hot na Festa. Esta ‘energia positiva’ levou à criação de um espectáculo único com participações de várias áreas artísticas.
O critério que presidiu à escolha dos músicos e grupos convidados em 2010 para os principais concertos da Festa tem a ver com a produção de novos discos, recentemente editados ou a editar em breve, com a ajuda da Festa do Jazz (alguns destes trabalhos integram músicos internacionais de grande qualidade, algo que incentivamos para que no próximo ano nos dediquemos à internacionalização do jazz português). Acreditamos que podemos assim realçar a importância da preservação da memória fonográfica de um dos melhores períodos da história do jazz português para o qual a Festa do Jazz tanto tem contribuído. As raras excepções, que resultam de novas propostas por nós apadrinhadas, sublinham a regra deste ano.
Continuamos a promover o único concurso entre escolas de jazz do país. O que começou por ser uma simples apresentação do trabalho realizado por alunos e professores nas escolas de jazz nacionais, transformou-se numa saudável competição entre os combos mais avançados dessas escolas. A simplicidade da mostra mantém-se. O que melhorou exponencialmente e tornou mais complexa a tarefa do júri foi a qualidade dos grupos e dos solistas. Os prémios ou menções honrosas, que têm um valor simbólico e não monetário, são altamente estimulantes no início de carreira. Para alguns há um antes e um depois do qual, esperamos, “é impossível simplesmente desistir”.
Carlos Martins
Director Artístico da Festa do Jazz do São Luiz
http://www.teatrosaoluiz.pt
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Lisboa
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